28/01/2008
1. INTRODUÇÃO

Hipotireoidismo é a endocrinopatia mais frequentemente diagnosticada no cão. Resulta da produção e liberação inadequadas de tetraiodotironina (levotiroxina, T4) e triiodotironina (liotironina, T3) pela glândula tireóide (Tyler, 2005).

Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), as concentrações do hormônio tireóideo são controladas pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. A tireotropina (TSH) provoca síntese e liberação da T4 e quantidades menores da T3 da tireóide. A T3 intracelular, formada a partir da desiodação da T4 na hipófise, causa síntese e secreção reduzidas do TSH e é o principal determinante da concentração do TSH.
Conforme esses autores, o hormônio liberador da tireotropina (TRH), secretado pelo hipotálamo, regula a liberação de TSH da hipófise. Os hormônios que inibem a secreção do TSH incluem a dopamina, a somatostatina, a serotonina e os glicocorticóides. As prostaglandinas e os agonistas α-adrenérgicos aumentam a secreção do TSH.

2. ETIOLOGIA

2.1 Hipotireoidismo primário

Em cães, o hipotireoidismo primário é a forma mais comum da doença, resultando de problemas na própria tireóide. Geralmente esta doença é resultante da tireoidite linfocítica ou da atrofia da glândula tireóide (Nelson & Couto, 2001).

A tireoidite linfocítica é um distúrbio imunomediado caracterizado por infiltração difusa de linfócitos, plasmócitos e macrófagos na tireóide. Em geral, estão presentes auto-anticorpos circulantes contra tireoglobulina, T3 e T4, mas esses auto-anticorpos também podem ser encontrados em uma porcentagem variável (13-40%) de cães normais, eutireóideos (Tyler, 2005) .
Segundo Nelson & Couto (2001), a atrofia da glândula tireóide é caracterizada por perda do parênquima e substituição por tecido adiposo. A causa é desconhecida, mas pode ser uma doença degenerativa primária ou representar o estágio final da tireoidite linfocítica.

2.2. Hipotireoidismo secundário

Segundo Tyler (2005), o hipotireoidismo secundário é bastante raro em cães e gatos, é causado por disfunção ou destruição da hipófise, levando à diminuição da produção de tireotropina (hormônio tireotrópico, TSH). Tireotropina é o hormônio hipofisário responsável pela estimulação da síntese e secreção de hormônios da tireóide.
O hipotireoidismo secundário também pode resultar da destruição de tireotrofos hipofisários, por exemplo por neoplasia hipofisária (rara), ou resultar também de uma supressão da função tireóidea por hormônios ou drogas, por exemplo por glicocorticóides (Nelson & Couto, 2001).
Segundo Tyler (2005), níveis elevados de glicocorticóides circulantes podem suprimir transitoriamente a secreção de TSH pelos tireotrofos da hipófise anterior, levando à diminuição dos níveis de sanguíneos de T4 e T4 livre.
Conforme esse autor, a secreção de TSH pelos tireotrofos normaliza-se quando os níveis sanguíneos de glicocorticóides voltam ao normal.

2.3. Hipotireoidismo congênito

Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), o hipotireoidismo congênito (cretinismo) raramente é diagnosticado nos cães. As causas relatadas incluem deficiência de iodo, disgenesia tireóidea e disormonogênese.
O hipotireoidismo congênito secundário devido à deficiência da produção hipofisária de TSH foi relatada em uma família de Schnauzers gigantes (Tyler, 2005).

3. EPIDEMIOLOGIA

O hipotireoidismo tem sido relatado mais frequentemente em cães de meia idade (4-10 anos). As raças de cães predispostas ao hipotireoidismo incluem: Golden Retriever, Doberman Pinscher, Dachshund, Setter Irlandês, Schnauzer Miniatura, Dogue Alemão, Poodle e Boxer (Nelson & Couto, 2001).
Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), as cadelas e os cães castrados têm um risco maior de desenvolverem hipotireoidismo, se comparados com os animais sexualmente intatos.

4. HISTÓRICO

Os achados mais comuns do histórico são: letargia, inatividade, depressão mental, ganho de peso, perda ou queda excessiva de pêlos, falta de crescimento dos pêlos depois da tosa, pelagem seca ou sem brilho, descamação excessiva, hiperpigmentação, infecções de pele recorrentes e intolerância ao frio. Outros achados menos freqüentes são: fraqueza generalizada, incoordenação, maneio de cabeça, paralisia facial, convulsões e infertilidade (Tyler, 2005).

5. SINAIS CLÍNICOS

De acordo com Carvalho (2004), os hormônios da tireóide são necessários para o funcionamento normal do metabolismo celular. Uma deficiência de hormônios da tireóide afetará o metabolismo de todos os órgãos e sistemas. Conseqüentemente, os sintomas apresentados serão muito variáveis e inespecíficos. Não existe um sintoma patognomônico que defina e diagnostique a doença.
Segundo esse autor, há uma série de sintomas que quando apresentados em conjunto, fazem com que o médico veterinário desconfie de hipotireoidismo e proceda com os exames necessários.
Conforme Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), como os sinais clínicos podem ser vagos, difusos e de início insidioso, o hipotireoidismo é considerado no diagnóstico diferencial de ampla variedade de problemas e frequentemente é diagnosticado incorretamente.

5.1. Sinais dermatológicos

Segundo Nelson & Couto (2001), as alterações que ocorrem na pele e no pêlo são as anormalidades mais comumente observadas em cães com hipotireoidismo. Os sinais cutâneos clássicos incluem alopecia bilateral não-pruriginosa no tronco, geralmente poupando a cabeça e os membros, seborréia e piodermite.
Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), a alopecia em geral é bilateral simétrica, sendo inicialmente observada nas áreas de desgaste, como tronco lateral, tórax ventral e cauda. O pêlo quase sempre é quebradiço e facilmente destacável, e a perda da pelagem ou dos pêlos primários pode resultar em uma aparência grosseira ou em uma pelagem de filhote. Também é comum que o pêlo não volte a crescer após a tosa. Ocasionalmente, ocorre mais retenção de pêlo do que alopecia.
Conforme Nelson & Couto (2001), a depleção do hormônio tireóideo suprime as reações imunes humorais, prejudica a função das células T e reduz o número de linfócitos circulantes. Todas as formas de seborréia (seca, oleosa, dermatite seborréica) podem ocorrer. A seborréia ou a piodermite podem ser focais , multifocais ou generalizadas.
Outros achados comuns incluem pele seca escamosa, mudanças na qualidade ou na cor da pelagem, podendo também ocorrer hiperqueratose, hiperpigmentação, formação de comedões, hipertricose, otite ceruminosa, cicatrização deficiente de feridas, aumento das contusões e mixedema (Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran, 2004).
Segundo esses autores, cães hipotireóideos ficam predispostos a infecções bacterianas recidivantes da pele, como foliculite, pioderma e furunculose. Infecções com malassezia e demodicose também foram associadas com o hipotireoidismo. O prurido pode ocorrer por infecção concomitante.
Segundo Nelson & Couto (2001), nos casos graves, pode ocorrer acúmulo de mucopolissacarídeos ácidos e neutros na derme, que se ligam à água promovendo espessamento da pele, referido como mixedema, no qual a pele se torna espessa principalmente na parte anterior da cabeça e na face, resultando em abaulamento na região temporal da testa, intumescimento e espessamento das dobras cutâneas faciais.

5.2. Sinais reprodutivos

De acordo com Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), os problemas reprodutivos associados ao hipotireoidismo na fêmea incluem libido diminuída, intervalo prolongado entre estros, cios silenciosos, falha no ciclo reprodutivo, aborto espontâneo, ninhadas pequenas ou com baixo peso ao nascimento, inércia uterina e filhotes fracos ou natimortos. A galactorréia inadequada aparentemente devida à hiperprolactinemia também foi relatada em cadelas sexualmente intatas com hipotireoidismo.
Segundo esses autores, os problemas reprodutivos no macho relacionados ao hipotireoidismo incluem libido deficiente, atrofia testicular, hipospermia e azoospermia.

5.3. Sinais neuromusculares

De acordo com Tyler (2005), em cães hipotireóideos, ocasionalmente ocorre uma neuropatia periférica (localizada ou generalizada) envolvendo neurônios motores inferiores. O sinal clínico mais comum é fraqueza generalizada. Outros achados neurológicos podem incluir déficits proprioceptivos, hiporreflexia, meneio de cabeça, paralisia/paresia facial e ataxia. Alguns cães hipotireóideos desenvolvem miopatia generalizada, sem envolvimento neurológico concomitante, esses cães são levados ao veterinário por fraqueza generalizada.
Segundo esse autor, convulsões secundárias a aterosclerose cerebral acentuada, têm sido raramente relatada em cães hipotireóideos com hiperlipidemia acentuada. Paralisia da laringe, megaesôfago e síndrome de Horner têm sido associadas ao hipotireoidismo, mas não existe prova definitiva de um relacionamento casual.

5.4. Sinais clínicos diversos

Nos cães hipotireóideos podem ocorrer anormalidades no sistema cardiovascular, como bradicardia sinusal, batimento apical fraco. A função reduzida da bomba ventricular esquerda também foi comprovada, e o hipotireoidismo pode exacerbar os sinais clínicos nos cães com cardiopatia subjacente. O hipotireoidismo sozinho raramente causa insuficiência miocárdica clinicamente significativa nos cães (Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran, 2004).
Segundo esses autores, as anormalidades oculares relatadas no hipotireoidismo canino incluem lipidose corneal, ulceração corneal, uveíte, efusão lipídica no humor aquoso, glaucoma secundário, lipemia da retina, descolamento da retina e ceratoconjuntivite seca.

5.5. Cretinismo

Segundo esses autores, o hipotireoidismo congênito resulta em retardamento mental e em crescimento desproporcional causados por disgenesia epifisária e maturação esquelética retardada. Os cães acometidos são mentalmente retardados e apresentam cabeça ampla grande, membros curtos, macroglossia, hipotermia, erupção dentária retardada e distensão abdominal. Os sinais dermatológicos são semelhantes aos observados nos cães hipotireóideos adultos. Outros sinais clínicos podem incluir anormalidades da marcha e constipação. É provável que muitos filhotes gravemente acometidos morram nas primeiras semanas de vida.

6. DIAGNÓSTICO

Conforme Carvalho (2004), existem várias maneiras de se diagnosticar o hipotireoidismo em cães. O método escolhido vai depender dos sintomas apresentados e da disponibilidade e facilidade de obtenção de outros métodos pelo médico veterinário.

6.1. Achados clínicopatológicos

Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), os resultados do hemograma, do painel bioquímico e da urinálise podem garantir o diagnóstico de hipotireoidismo e descartar outros distúrbios.
Conforme Nelson & Couto (2001), anemia arregenerativa normocítica normocrômica discreta é um achado de menor consistência, observado em aproximadamente em 30% dos cães acometidos. O leucograma é tipicamente normal, e a contagem de plaquetas está normal a aumentada.
Segundo esses autores, a hipercolesterolemia é encontrada em 75% dos cães com hipotireoidismo. Apesar da hipercolesterolemia e da hipertrigliceridemia de jejum poderem estar associadas a outras alterações graves, sua presença em cães com sinais clínicos apropriados é forte evidência de hipotireoidismo.
Anormalidades menos comuns incluem aumentos moderados na fosfatase alcalina, na alanina aminotransferase e na creatinina cinase mas, estas alterações são achados inconsistentes e não podem ser relacionadas diretamente com hipotireoidismo. A hipercalcemia moderada pode ocorrer em cães com hipotireoidismo congênito (Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran, 2004).
Segundo Nelson & Couto (2001), a urinálise não revela alterações.

6.2. Concentrações basais do hormônio tireóideo

A tiroxina (T4) é o hormônio mais secretado pela tireóide (mais de 80%). Após a secreção, mais de 99% da T4 se liga às proteínas plasmáticas, a parte que não se liga, ou T4 livre, é biologicamente ativa e exerce inibição por feedback negativo sobre a secreção de TSH pela hipófise e é capaz de penetrar nas células do corpo. Toda a T4 sérica, ligada ou não a proteínas, provém da glândula tireóide. Portanto, os testes que medem as concentrações de T4 e T4 livre, juntamente com a concentração endógena de TSH, são atualmente recomendados para a determinação da função da tireóide em cães com suspeita de hipotireoidismo. A determinação das concentrações séricas de T3, T3 livre e T3 reversa não é atualmente recomendada para avaliação da função tireóidea (Nelson & Couto, 2001).
Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), a concentração da T4 total é um teste de triagem excelente para a disfunção tireóidea canina. Um cão com concentração de T4 total dentro da variação de referência (1,0 a 4,0µg/dl) pode ser considerado como eutireóideo. A T4 total diminuída pode ser normal para aquele indivíduo, resultado de doença não-tireóidea, ou secundária à administração de fármacos.
Segundo esses autores, a hora do dia, a idade, a raça e a temperatura ambiente podem afetar a concentração sérica da T4 total. As concentrações séricas de T4 total não diferem entre machos e fêmeas, mas são maiores nos cães pequenos do que nos cães de raças médias e grandes. Durante o diestro e a prenhez, as concentrações de T4 total ficam aumentadas em função de modificações na ligação da proteína do hormônio tireóideo. Aumentos moderados de T4 total também podem ocorrer na obesidade.
Segundo esses autores, as concentrações de T4 livre são menos acometidas por mudanças na concentração protéica e na ligação do que as medidas de T4 total. Como apenas o hormônio livre pode entrar na célula e ligar-se aos receptores, a medida da T4 livre deve dar uma representação mais precisa da função tireóidea. O método padrão para medir a T4 livre é a diálise de equilíbrio, como esse método é caro e demorado, radioimunoensaio de fase sólida de estágio único para a T4 livre humana são comumente usados para medir a T4 livre canina.

6.3. Auto-anticorpos contra hormônios da tireóide e tireoglobulina (Tg)

Segundo Tyler (2005), auto-anticorpos contra Tg e, em menor grau, T3 e T4 ocorrem frequentemente em cães com hipotireoidismo e são compatíveis com um diagnóstico de tireoidite linfocítica, esses auto-anticorpos também podem ocorrer em cães sadios, eutireóideos. Cães sadios com concentrações normais de T4 e auto-anticorpos contra Tg, T3 ou T4 podem ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de hipotireoidismo, mas isto não está provado.

6.4. Teste de resposta ao TSH

Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), este é um teste de reserva da tireóide e é considerado critério padrão para o diagnóstico do hipotireoidismo canino. O uso clínico deste teste fica limitado pelo preço e pela disponibilidade do TSH bovino. O protocolo de utilização mais aceito é a mensuração da T4 total seguida pela administração intravenosa do TSH bovino na base de 0,1 unidade/kg (máximo de 5 unidades). Uma segunda amostra para a mensuração da T4 total é colhida 6 horas mais tarde. O diagnóstico do hipotireoidismo é provável quando as concentrações séricas de T4 total tanto antes quanto após o TSH estão abaixo da variação de referência (<1,5µg/dl).

6.5. Teste de resposta ao TRH

Segundo esses autores, nos cães, o teste de resposta ao TRH tem sido usado no lugar do teste de resposta ao TSH, e a mudança na T4 total geralmente tem sido medida.
De acordo com Tyler (2005), administra-se TRH exógeno por via EV, medem-se as concentrações de T4 ou TSH antes e depois da estimulação. Em cães hipotireóideos, a concentração de T4 não aumenta significativamente acima do valor basal de T4. Em cães sadios, eutireóideos, as alterações na concentração de T4 são pequenas e variáveis, tornando difícil diferenciar cães normais de cães hipotireóideos. Não se recomendam testes de estimulação com TRH para o diagnóstico de hipotireoidismo, pois existem testes melhores, avaliar as concentrações de TSH após a administração de TRH pode diferenciar hipotireoidismo primário de hipotireoidismo central.

6.6. Radiografia

De acordo com Tyler (2005), em pacientes com hipotireoidismo congênito estão presentes disgenesia epifisária, ossificação epifisária retardada e corpos vertebrais diminuídos, esses pacientes, quando adultos, frequentemente desenvolvem sinais radiográficos de doença articular degenerativa. Megacólon é um achado radiográfico freqüente em gatos com hipotireoidismo congênito.

6.7. Biópsia tireóidea

Segundo Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), a tireoidite linfocítica e a atrofia tireóidea são identificadas de modo histopatológico, mas pode ser mais difícil determinar a função tireóidea. Uma abordagem cirúrgica é necessária par a colheita do tecido tireóideo, e a biópsia tireóidea raramente é indicada para o diagnóstico clínico de hipotireoidismo.

7. TRATAMENTO

De acordo com Nelson & Couto (2001), a suplementação hormonal é indicada para o tratamento dos casos de hipotireoidismo confirmado e presuntivamente como diagnóstico terapêutico para avaliar a resposta clínica do animal ao ensaio terapêutico. A terapia inicial envolve a administração de uma tiroxina sintética.
Conforme Scott-Moncrieff & Guptill-Yoran (2004), o tratamento inicial de escolha é a L-tiroxina sintética, porque resulta na normalização tanto das concentrações T4 quanto das concentrações T3. o risco de hipertireoidismo iatrogênico é baixo, porque a regulação fisiológica da conversão da T4 a T3 fica preservada. A biodisponibilidade pode variar muito de um produto para outro, de forma que é aconselhável usar um produto comercial para o tratamento inicial.
Segundo esses autores, a dose e a freqüência ideais da suplementação variam entre os cães por causa da variabilidade na absorção da L-tiroxina e da meia-vida sérica. O tratamento deve iniciar com uma dose de 0,02mg/kg por via oral cada 12 horas, e em seguida a dose deve ser ajustada com base nos resultados do monitoramento terapêutico. Usando-se o tratamento duas vezes ao dia inicialmente melhora a probabilidade da resposta ao tratamento em todos os cães.
Segundo esses autores, a melhora na atividade deve ocorrer após uma a duas semanas do tratamento, e a melhora na pelagem, no peso corpóreo e nas anormalidades clinicopatológicas deve ser evidente em quatro a seis semanas. A pelagem inicialmente pode parecer pior, já que os pêlos telogênicos caem. A inversão da pigmentação cutânea, as modificações miocárdicas e as anormalidades neurológicas podem demorar alguns meses.
De acordo com Nelson & Couto (2001), a monitoração terapêutica inclui avaliação da resposta clínica à suplementação e dosagem de T4 antes e/ou depois da administração de levotiroxina sintética. Essa dosagem deve ser feita seis a oito semanas após o início do tratamento se ocorrerem sintomas de tireotoxicose ou se não houver resposta ao tratamento. Cães que apresentam resposta inadequada ao tratamento devem ser monitorados duas a quatro semanas após o ajuste da dose de levotiroxina.
Segundo esses autores, pode ocorrer tireotoxicose em cães que recebem quantidades excessivas de levotiroxina, em cães em que a meia-vida plasmática de levotiroxina é inerentemente prolongada, principalmente nos animais que recebem tratamento duas vezes ao dia, e em cães com deficiência na biotransformação da levotiroxina (insuficiência renal ou hepática concomitante). Sinais clínicos de tireotoxicose incluem respiração ofegante, agressividade, poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso.
De acordo com Tyler (2005), terapia com liotironina sintética (T3) não é indicada, nem recomendada, para a maioria dos cães hipotireóideos. Terapia com liotironina será indicada somente quando o cão fracassar em atingir uma concentração sérica normal de T4, depois de tratamento apropriado com pelo menos duas marcas diferentes de L-tiroxina. Provavelmente isto indicará falta de absorção intestinal, liotironina é quase completamente absorvida pelo intestino.

8. PROGNÓSTICO

Segundo Nelson & Couto (2001), o prognóstico para cães hipotireóideos depende da causa subjacente. A expectativa de vida de um cão adulto com hipotireoidismo primário que está recebendo tratamento adequado deve ser normal. A maioria dos sintomas, se não todos, vai desaparecer com a suplementação hormonal. O prognóstico para filhotes de cães com hipotireodismo é reservado e depende da gravidade das anormalidades esqueléticas e articulares na época em que o tratamento for instruído. Apesar da maioria dos sinais clínicos desaparecer com o tratamento, problemas osteomusculares, principalmente osteoartrite degenerativa, podem ocorrer em virtude de desenvolvimento ósseo articular anormais.
Segundo esses autores, o prognóstico para cães com hipotireoidismo secundário e terciário é reservado a desfavorável. A expectativa de vida é reduzida em cães com formação congênita defeituosa da hipófise, principalmente por causa dos diversos problemas que se desenvolvem no início da vida. O hipotireoidismo secundário adquirido é normalmente provocado por destruição da região por massa expansiva com potencial para se expandir no sistema nervoso.